Recentemente me perguntaram qual dos valores da Trinus eu tinha vivido de forma mais intensa nos últimos tempos. Respondi com rapidez e muita certeza: transparência.
Minha resposta veio fácil, mas só depois de pensar com profundidade no que temos vivido por aqui. O fato é que, nesse tempo em que estou na Trinus, muita coisa aconteceu. E, muitas vezes, essas “coisas” vieram acompanhadas de mudanças, que mexeram em símbolos e ritos importantes pra gente. E mexer nisso quase sempre é doloroso e arriscado.
Recentemente ouvi de um CEO de uma companhia famosa que lá eles não usam a palavra mudança. Eles preferem falar em evolução — e que isso faz as pessoas entenderem melhor o processo. Afinal, todo mundo quer, ou pelo menos deveria querer, evoluir, né? Achei genial.
Por aqui, essa ainda não era uma abordagem que a gente tinha pensado. Tão pouco praticado. Aqui a gente sempre chamou de mudança mesmo. Certo ou errado, isso já deu o que falar. Risos*
Mudamos modelos, prioridades, formas de operar. Fizemos escolhas difíceis. Deixamos para trás práticas que já tinham dado certo antes, mas que precisavam evoluir (olha eu aqui aplicando o aprendizado).
E fizemos isso não por modismo, mas porque entendemos que era necessário mudar. Mudar pra seguir com clareza. Mudar pra acelerar nosso ritmo e respeitar o nosso tempo. Mudar pra continuar transformando o mercado habitacional brasileiro — de forma ainda mais eficiente e rápida, mais conectada com a realidade e com muito mais foco nos nossos objetivos.
Nos demos conta de que a transformação vem da mudança. E que, para mudar o mercado, era preciso começar por nós mesmos. Aprendemos e reaprendemos demais com isso…
Nesse caminho, é claro que a gente perdeu pessoas queridas. Profissionais que contribuíram com partes importantes da nossa história e que escolheram viver outros ciclos. Mas muitos de nós escolhemos ficar. Escolhemos viver esse momento, continuar acreditando, nos doando e fazendo acontecer. E muita gente nova chegou. Sempre digo que a soma de quem já tinha contexto com quem chegou pra engajar, aprender e construir junto é o que tem feito a Trinus continuar avançando com força e sucesso.
A verdade é que a Trinus já era incrível antes disso tudo. Naquele momento, já eram quase 15 anos de ousadia, inovação e muita magia. Mas com coragem, e com um senso de propósito muito firme, a gente entendeu que dava pra ir melhor e mais rápido. Arrisco dizer que talvez até um pouco mais leve também.
O fato é que dava pra fazer melhor. Aliás, “em time que está ganhando a gente melhora pra continuar ganhando”. É esse o ditado, né não?
Nesse processo, confesso que em alguns momentos me questionei e fui questionado se o nosso propósito tinha mudado. E essa dúvida foi importante. Porque ela me fez ver com clareza o quanto as mudanças que estávamos vivendo eram necessárias e urgentes. Estávamos correndo o risco de confundir o propósito com os caminhos que escolhemos. E isso foi sério. Sensível demais pra deixar passar.
Hoje temos a certeza: a gente não recuou um milímetro do nosso propósito.
Aceleramos os meios. Mudamos a rota. Mas seguimos firmes na intenção.
E o que tudo isso tem a ver com transparência?
Estou dizendo que não dá pra fazer tudo isso sem transparência. Ou, no mínimo, que seria muito mais difícil sem ela. E, por favor, não confunda com a transparência bonitinha.
Não aquela que aparece em discurso pronto ou slide institucional. Mas a transparência de verdade. Aquela que exige maturidade, responsabilidade e calma. Aquela que permite, inclusive, dizer com honestidade: “não vamos falar sobre isso agora”. E, sinceramente, eu não conheço nada mais transparente do que isso.
A verdade é que nós também evoluímos o nosso jeito de enxergar transparência.
Talvez a gente mesmo estivesse viciado no senso comum. Hoje, falamos muito mais de uma transparência que, definitivamente, não tem a ver com brutalidade, nem com excesso de informação, nem com aquela “verdade” moldada pra agradar.
Transparência, pra gente, não é jura, nem personificação. É compromisso com o coletivo. É deixar claro o que está mudando, o porquê, o que não deu certo e o que ainda precisa de ajuste. É abrir mão da vaidade e não usar a transparência como ferramenta de defesa, mas como base pra conexão real. É o famoso “walk the talk”. Fazer o que se diz. Sustentar com atitude aquilo que a gente acredita com discurso.
Assumimos algumas premissas fortes de transparência pra viver nossa cultura no dia a dia:
- Não existe jeito certo de fazer a coisa errada.
- Não dá pra sustentar uma cultura forte com meias verdades ou silêncios convenientes.
A cultura mora no cotidiano. Nos corredores, nas reuniões, nas conversas reais, para além dos palcos e dos textos. Ela ganha forma na maneira como a gente age, decide, fala o que precisa ser dito. Ganha força quando erramos e acertamos juntos. Quando agimos com verdade, energia e responsabilidade.
E tem uma coisa que a gente aprendeu: cultura não é um grupo de pessoas. É todo mundo. É o jeito como convivemos, como tomamos decisões, como comunicamos. É sobre entender o próprio papel no sucesso, e principalmente, nas falhas. Sobre se implicar. Não terceirizar. Não apontar o dedo pro outro, pra área vizinha, pro líder.
Cultura é o que a gente escolhe fazer quando algo não está funcionando. É ficar no problema ou fazer parte da solução.
Somos todos cultura:
É o nosso jeito de viver.
Foi o que nos permitiu mudar.
Foi o que manteve a gente junto.
Foi o que deixou claro o que vale a pena manter, e o que já não faz mais sentido.
É por isso que, mesmo depois de tudo o que mudou, a Trinus segue sendo o lugar certo e incrível para o aprendizado e o crescimento das pessoas. Porque aqui a verdade, mesmo quando desconfortável, é levada a sério. E isso muda tudo.
É o que sustenta o que já fizemos — e o que ainda vamos construir.
Seguimos…