Vivemos em uma era em que a tecnologia tornou tudo mais rápido e prático, mas também expôs empresas e pessoas a riscos que não existiam e crescem a cada dia. Hoje, falar em golpes digitais deixou de ser exceção para virar uma realidade presente: basta olhar para os números de tentativas de phishing, para os ataques que envolvem plataformas de pagamento, como o Pix, ou para os recorrentes vazamentos de dados.

Neste artigo, quero compartilhar um panorama do que está acontecendo nesse universo das fraudes digitais, explicar de forma simples os termos mais técnicos e, principalmente, mostrar como tudo isso se conecta ao mercado imobiliário.

Se você é desenvolvedor imobiliário ou atua no setor financeiro, entender esses riscos é essencial. Mais que uma urgência, é uma estratégia para blindar seu negócio e transmitir confiança. Ao longo da leitura, vou trazer algumas dicas práticas para reduzir riscos, educar clientes e fortalecer a confiança nas transações, aumentando o valor de sua marca perante ao mercado em que atua.

A ascensão das fraudes digitais: o que está acontecendo?

A escalada de fraudes digitais não é apenas uma percepção. Esse cenário é um fato sustentado por dados. O APWG registrou mais de 1 milhão de ataques de phishing no primeiro trimestre de 2025. O termo Phishing surgiu de uma combinação do termo inglês “fishing” (pesca), que se refere à ideia de “fisgar” vítimas com uma isca digital, e “ph” de “phreaking”, prática de experimentar redes de telecomunicações.

Essa técnica nada mais é do que aquela mensagem que busca te enganar se passando por instituições ou pessoas que você confia, mas com links falsos ou iscas de vírus. São mensagens que vão muito além do e-mail — hoje incluem QR Codes falsos, links em WhatsApp e páginas quase idênticas a sites oficiais.

No Brasil, o Pix se tornou o meio de pagamento preferido, mas também o mais explorado por criminosos. De acordo com a Febraban, as fraudes financeiras digitais somaram R$ 10,1 bilhões em prejuízos em 2024, um aumento de 17% em relação a 2023. Um dos golpes mais comuns é o APP fraud, em que a vítima acredita estar transferindo dinheiro para alguém de confiança.

Relatórios globais como o Verizon DBIR 2025 e o IBM Cost of a Data Breach 2025 reforçam esse cenário: o roubo de credenciais, os ataques de engenharia social e até o uso de inteligência artificial para criar golpes mais convincentes estão cada vez mais presentes. Para tentar mitigar esses riscos, o Banco Central fortaleceu mecanismos como o Bloqueio Cautelar e o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que permitem congelar transações suspeitas e recuperar valores em casos de fraude.

Esse panorama mostra uma realidade que é inegável: as fraudes digitais estão em ascensão e isso nos exige respostas rápidas, estruturadas e estratégicas.

Como as fraudes digitais afetam o mercado imobiliário?

Quando falamos em operações imobiliárias, muitos riscos podem surgir. Diferente de compras simples no dia a dia, aqui lidamos com valores altos, documentos sensíveis e múltiplos agentes envolvidos em cada transação. São clientes, incorporadoras, corretores, bancos, cartórios em operações com lastro no mercado financeiro… Isso cria brechas.

Entre os principais riscos estão:

· alteração de dados bancários em e-mails ou mensagens fraudulentas;

· QR Codes Pix e boletos adulterados, desviando pagamentos de reservas e parcelas;

· vazamentos de dados pessoais e financeiros usados em golpes de engenharia social.

A soma desses fatores deixa claro que proteger as operações imobiliárias contra fraudes digitais não é apenas um cuidado extra, mas um diferencial competitivo.

Dicas práticas para proteger suas operações e clientes

A seguir, compartilho medidas que considero essenciais para reduzir riscos no setor imobiliário e financeiro:

1. Defina seus canais oficiais de pagamento

Incorporadoras, loteadoras e construtoras podem centralizar todos os pagamentos em um portal ou aplicativo seguro. Essa medida reduz drasticamente a chance de adulteração de chaves Pix ou QR Codes.

2. Confirme dados críticos em mais de um canal

Mudança de conta ou instrução de pagamento? Só prossiga após validar presencialmente, por telefone ou outro canal, preferencialmente profissional. Essa “dupla checagem” bloqueia boa parte das tentativas de fraude.

3. Invista em tecnologia antifraude

Quando falamos de carteira de recebíveis e monitoramento de fluxo de caixa, por exemplo, ferramentas de monitoramento comparam valores, horários e padrões de transação. No mercado imobiliário, isso pode ser crucial para identificar movimentos fora do esperado.

4. Eduque continuamente seus clientes

Nem todo mundo tem familiaridade com práticas digitais seguras. Use campanhas simples, como mensagens no WhatsApp ou banners no portal, para lembrar que:

· sempre é preciso verificar o nome do recebedor antes de transferir;

· nunca se deve realizar pagamentos fora do portal oficial;

· urgências e pressões podem ser sinais típicos de golpes; e

· quais são seus canais de contato oficiais com esses clientes.

5. Treine seus colaboradores

A sua equipe é a primeira linha de defesa contra fraudes digitais. Simulações de phishing internas e uma conversa periódica sobre as principais tentativas de golpes e novas modalidades de fraude são opções que ajuda a preparar colaboradores para situações reais.

6. Tenha um protocolo de resposta para golpes via Pix

Aja rápido: use o Bloqueio Cautelar e o MED em minutos. Isso aumenta a chance de recuperar valores e reduzir perdas.

Essas ações, aliadas a uma governança bem estruturada, controles operacionais claros e auditorias técnicas regulares, elevam a segurança e reduzem riscos. E aqui entra o valor de contar com especialistas: a Plataforma Trinus, por exemplo, oferece tecnologia e expertise para monitorar ativos, identificar anomalias e apoiar planos de ação em tempo real.

Conclusão: a confiança é seu ativo principal

No setor imobiliário, a confiança é tão valiosa quanto o imóvel que será entregue. Ela se constrói quando o cliente percebe que cada etapa, do sinal à entrega, está cercada de segurança, governança e transparência.

Fraudes digitais vão continuar evoluindo, mas nós também podemos evoluir com processos mais claros, tecnologia antifraude, auditorias consistentes e educação contínua. Mais do que reduzir riscos e prejuízos, isso fortalece o relacionamento com clientes e preserva a credibilidade da sua empresa.

E se você é desenvolvedor imobiliário ou investidor no setor, lembre-se: combater fraudes não é custo, é investimento em reputação e sustentabilidade do seu negócio. Com apoio de plataformas especializadas, como a Trinus, você monitora toda sua operação com qualidade e transforma riscos em oportunidades para consolidar confiança e crescimento.

César Cortês

Diretor de Riscos, Controles Internos, Compliance e Auditoria na Trinus