Quando eu cheguei na Trinus e descobri a tradição de usar camiseta da firma às terças, confesso que achei aquilo um rito meio “esquisito”. Pra quem olha de fora, parece só modinha de empresa moderna querendo criar identidade. Só que com o tempo, percebi que era bem mais profundo. A camiseta virou, pra mim, símbolo discreto de compromisso pessoal, um lembrete silencioso do motivo que faz cada um acordar e escolher estar aqui: o propósito de transformar o mercado habitacional brasileiro.
A roupa é só um sinal externo, porque o orgulho de pertencer aparece mesmo é na relação de cada pessoa com o próprio trabalho e com o que a gente constrói e entrega.
Ser dono aqui não passa por cargo, tempo de casa ou nome no cap table. O verdadeiro dono é quem assume o que é seu, entende como sua entrega impacta o todo e age com propósito, mesmo quando o desafio é grande ou desconfortável. Não precisa de crachá especial pra isso, só disposição para ser responsável de verdade.
Atitude de dono não tem nada a ver com ser o primeiro a chegar e o último a sair. Não é quantidade de horas, nem esforço pra ser notado. O que importa é ser responsável, cumprir o que promete e ser diligente, estando você no cargo que for. Já erramos ao esperar só do líder o exemplo, por isso hoje sabemos que: responsabilidade de ser exemplo não tem hierarquia. O que vale é impacto real do que você faz, a seriedade com que trata os combinados e o orgulho de responder pelo seu próprio resultado. É sobre reconhecer o que lhe cabe, assumir, aprender, corrigir e, se preciso, começar de novo.
A complexidade do nosso negócio, aliás, foi um dos maiores choques pra mim. Não há quem entre na Trinus e não precise tomar um bom tempo para compreender a fundo o como fazemos. Por isso, nos policiamos demais para isso não virar muleta pra andar mais devagar, ou para deixar de fazer algo. Dono não foge de problema difícil, se energiza com ele. Procura entender a fundo, não sossega enquanto não acha o melhor caminho.
Somos avessos ao comportamento de delargar.
*Delargar: empurrar pra cima ou pro lado o que é sua responsabilidade; é quase um palavrão.
Nunca esqueço de uma situação nos meus primeiros meses: uma emergência envolvendo várias áreas. Vi alguém de um time sem relação direta com o problema enxergar a urgência, puxar pra si a responsabilidade e liderar até resolver. Ninguém precisou pedir, ninguém ficou esperando. Não era só sobre “trabalhar em equipe”, era sobre não aceitar que algo importante pra Trinus ficasse parado. Depois amadurecemos processos e expectativas, mas ficou a lição do que é, na prática, ser dono do próprio impacto.
Nas nossas lives mensais todo mundo vê os números, os rumos e os próximos passos, mas ter atitude de dono vai além do que é dito no microfone. Não existe “eu não fui informado” como desculpa. Quem tem atitude de dono busca, pergunta, corre atrás do que falta e transforma qualquer lacuna em oportunidade para se aproximar mais do negócio. Esperar tudo pronto não combina com quem escolhe ser dono.
O contraexemplo também ensina: quem usa a espera como desculpa está mostrando exatamente o oposto da atitude de dono.
Tem também o Festômetro, um rito nosso que parece brincadeira, mas é levado a sério. Ele mede o tamanho da nossa festa de fim de ano, mas depende diretamente das métricas de saúde do nosso relacionamento com desenvolvedores imobiliários e com os Sharks. Não tem a ver só com a área de eventos, muito menos com o humor de alguém do time de Pessoas.
A qualidade do trabalho, das entregas e dos diálogos ao longo do ano impacta no resultado do Festômetro. E não adianta pensar “isso é coisa do outro time”. Nesse placar, todo mundo sente o impacto. É uma régua divertida, mas também um lembrete: ser dono é assumir o resultado do que você faz, sabendo que cada decisão, grande ou pequena, constrói (ou não) uma experiência pra todos.
Quando a gente incentiva muito um determinado conjunto de comportamentos, é comum surgirem distorções. E aqui não foi diferente. Aprendemos com elas. Vi bons profissionais interpretando a atitude de dono como tentar fazer tudo sozinho ou querer controlar cada detalhe. Foi fundamental identificar esses desvios, porque, muitas vezes, isso gera uma confusão genuína em quem age assim, acreditando estar na direção certa.
Falar sobre esses desvios de comportamento com maturidade é o que nos permite retomar o verdadeiro sentido do valor. O ponto não é assumir tudo para si, mas reconhecer seus próprios limites e ter coragem de dizer: “isso aqui é meu”. É sobre presença, excelência e aquela insatisfação saudável com o “tá bom assim mesmo”.
Eu já estive em outros lugares com valores correlatos a atitude de dono, mas aqui na Trinus ele tem entendimentos para muito além dos que eu conhecia. Entre todos os aprendizados, um deles me pega em um lugar especial: dono é aquele que não se permite sucumbir à mediocridade. Não entrega só por entregar, nem faz por fazer. Questiona, aprofunda, vai até onde precisa pra garantir propósito e excelência, não se satisfaz em simplesmente riscar tarefas do checklist.
Se eu pudesse resumir minha vivência em uma única frase ela seria: Na Trinus, dono não é quem manda. É quem cuida de verdade.